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Capítulo 3 de 14

1O rei Nabucodonosor fez uma estátua de ouro, de sessenta côvados de altura e seis de largura, e erigiu-a na planície de Dura, na província da Babilônia.

2Depois convidou os sátrapas, os prefeitos, os governadores, os conselheiros, os tesoureiros, os juristas, os juízes e todas as autoridades das províncias, a comparecerem à inauguração da estátua ereta pelo rei Nabucodonosor.

3Assim sendo, reuniram-se os sátrapas, os prefeitos, os governadores, os conselheiros, os tesoureiros, os juristas, os juízes e todas as autoridades das províncias para a inauguração da estátua ereta pelo rei, diante da qual todos permaneceram de pé.

4Então, foi feita por um arauto a seguinte proclamação: “Povos, nações (gentes de todas as línguas), eis o que se traz a vosso conhecimento:

5no momento em que ouvirdes o som da trombeta, da flauta, da cítara, da lira, da harpa, da cornamusa e de toda espécie de instrumentos de música, vós vos prostrareis em adoração diante da estátua de ouro ereta pelo rei Nabucodonosor.*

6Quem não se prostrar para adorá-la será precipitado sem demora na fornalha ardente!”.

7Assim, logo que as pessoas ouviram o som da trombeta, da flauta, da cítara, da lira, da harpa, da cornamusa e de toda espécie de instrumentos de música, prosternaram-se todos, povos, nações e gentes de todas as línguas, em adoração diante da estátua de ouro ereta pelo rei Nabucodonosor.

8Nesse mesmo momento, alguns caldeus aproximaram-se para caluniar os judeus.*

9Dirigiram-se ao rei Nabucodono­sor: “Senhor” – disseram –, “longa vida ao rei!

10Tu mesmo, ó rei, proclamaste por edital, que qualquer homem que ouvisse o som da trombeta, da flauta, da cítara, da lira, da harpa, da cornamusa e de toda espécie de instrumentos de música teria de prostrar-se em adoração diante da estátua de ouro,

11e quem se recusasse seria precipitado na fornalha ardente.

12Pois bem, há aí alguns judeus, a quem confiaste a administração da província da Babilônia, Sidrac, Misac e Abdênago, os quais não tomaram conhecimento do teu edito, ó rei: não rendem culto algum a teus deuses e não adoram a estátua que erigiste”.

13Nabucodonosor, dominado por uma cólera violenta, ordenou o comparecimento de Sidrac, Misac e Abdênago, os quais foram imediatamente trazidos à presença do rei.

14Nabucodonosor disse-lhes: “É verdade, Sidrac, Misac e Abdênago, que recusais o culto a meus deuses e a adoração à estátua de ouro que erigi?

15Pois bem, estais prontos, no momento em que ouvirdes o som da trombeta, da flauta, da cítara, da lira, da harpa, da cornamusa e de toda espécie de instrumentos de música, a vos pros­trardes em adoração diante da estátua que eu fiz?... Se não o fizerdes, sereis precipitados de relance na fornalha ardente; e qual é o deus que poderia livrar-vos de minha mão?”.

16Sidrac, Misac e Abdênago res­ponderam ao rei Nabucodonosor: “De nada vale responder-te a esse respeito.

17Se assim deve ser, o Deus a quem nós servimos pode nos livrar da fornalha ardente e mesmo, ó rei, de tua mão.

18E mesmo que não o fizesse, saibas, ó rei, que nós não renderemos culto algum a teus deuses e que nós não adoraremos a estátua de ouro que erigiste”.

19Então, a fúria de Nabucodonosor desencadeou-se contra Sidrac, Misac e Abdênago; os traços de seu rosto alteraram-se e ele elevou a voz para ordenar que se aquecesse a fornalha sete vezes mais que de costume.

20Depois deu ordem aos soldados mais vigorosos de suas tropas para amarrar Sidrac, Misac e Abdênago, e jogá-los na fornalha ardente.

21Esses homens foram então imediatamente amarrados com suas túnicas, vestes, mantos e suas outras roupas, e jogados na fornalha ardente.

22Mas os homens que, por ordem urgente do rei, tinham superaquecido a fornalha e lá jogado Sidrac, Misac e Abdênago, foram mortos pelas chamas,

23no momento em que eram precipitados na fornalha os três jovens amarrados.

24Ora, estes passeavam dentro das chamas, louvando a Deus e bendizendo o Senhor.*

25Azarias, em pé bem no meio do fogo, fez a seguinte oração:

26“Sede bendito e louvado, Senhor, Deus de nossos pais! Que vosso nome seja glorioso pelos séculos!

27Vós sois justo em todo o vosso proceder; vossas obras são justas, vossos caminhos são retos, vossos julgamentos são equitativos.

28Exercestes um julgamento equitativo em tudo aquilo que nos infligistes e em tudo aquilo que infligistes à cidade santa de nossos pais, Jerusalém; foi em consequência de um julgamento equitativo que vós nos infligistes tudo isso por causa de nossos pecados.

29Pecamos, erramos afastando-nos de vós; em tudo agimos mal.

30Não obedecemos a vossos preceitos, não os pusemos em prática, não observamos as leis que nos destes para nossa felicidade.

31Em todos os males que enviastes sobre nós, em tudo que nos infligistes, foi um justo julgamento que exercestes,

32mesmo entregando-nos nas mãos de inimigos injustos, de ímpios enfurecidos, às mãos de um rei, o mais iníquo e o mais perverso de toda a terra.

33Agora não ousamos nem mesmo abrir a boca: vergonha e ignomínia para vossos servos e a nós que vos adoramos.

34Pelo amor de vosso nome, não nos abandoneis para sempre; não destruais de modo algum vossa aliança.

35Não nos retireis vossa misericórdia em consideração a Abraão, vosso amigo, Isaac, vosso servo, Israel, vosso santo,

36aos quais prometestes multiplicar sua descendência como as estrelas do céu e a areia que se encontra à beira do mar.

37Senhor, fomos reduzidos a nada diante das nações, fomos humilhados diante de toda a terra: tudo, devido a nossos pecados!

38Hoje, já não há príncipe, nem profeta, nem chefe, nem holocausto, nem sacrifício, nem oblação, nem incenso, nem mesmo um lugar para vos oferecer nossas primícias e encontrar misericórdia.

39Entretanto, que a contrição de nosso coração e a humilhação de nosso espírito nos permita achar bom acolhimento junto a vós, Senhor,

40como se nós nos apresentássemos com um holocausto de carneiros, de touros e milhares de gordos cordeiros! Que assim possa ser hoje o nosso sacrifício em vossa presença! Que possa reconciliar-nos convosco, porque nenhuma confusão existe para aqueles que põem em vós sua confiança.

41É de todo nosso coração que nós vos seguimos agora, que nós vos reve­renciamos, que buscamos vossa face.

42Não nos confundais; tratai-nos com vossa habitual doçura e com todas as riquezas de vossa misericórdia.

43Ponde em execução vossos prodígios para nos salvar, Senhor, e cobri vosso nome de glória.

44Que sejam então confundidos aqueles que maltratam vossos servos, que eles sofram a vergonha de ver a ruína de seu poderio e o aniquilamento de sua força.

45Assim, saberão que sois o Senhor, o Deus único e glorioso sobre toda a superfície da terra”.

46Enquanto isso, os homens do rei, que os haviam lá jogado, não cessavam de alimentar a fornalha com nafta, estopa, resina e lenha seca.

47Então, as chamas, subindo a quarenta e nove côvados acima da fornalha,

48ultrapassaram a grade e queimaram os caldeus que se achavam perto.

49Mas o anjo do Senhor havia descido com Azarias e seus companheiros à fornalha e afastava o fogo.

50Fez do centro da fogueira como um lugar onde soprasse uma brisa matinal: o fogo nem mesmo os tocava, nem lhes fazia mal algum, nem lhes causava a menor dor.

51Então, os três jovens elevaram suas vozes em uníssono para louvar, glorificar e bendizer a Deus dentro da fornalha, neste cântico:

52Sede bendito, Senhor Deus de nossos pais, digno de louvor e de eterna glória! Que seja bendito o vosso santo nome glorioso, digno do mais alto louvor e de eterna exaltação!*

53Sede bendito no templo de vossa glória santa, digno do mais alto louvor e de eterna glória!

54Sede bendito por penetrardes com o olhar os abismos, e por estardes sentado sobre os querubins, digno do mais alto louvor e de eterna exaltação!

55Sede bendito sobre vosso régio trono, digno do mais alto louvor e de eterna exaltação!

56Sede bendito no firmamento dos céus, digno do mais alto louvor e de eterna glória!

57Obras do Senhor, bendizei todas o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!

58Céus, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!

59Anjos do Senhor, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!

60Águas e tudo o que está sobre os céus, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!

61Todos os poderes do Senhor, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!

62Sol e lua, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!

63Estrelas dos céus, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!

64Chuvas e orvalhos, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!

65Ó vós, todos os ventos, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!

66Fogo e calor, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!

67Frio e geada, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!

68Orvalhos e gelos, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!

69Frios e aragens, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!

70Gelos e neves, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!

71Noites e dias, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!

72Luz e trevas, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!

73Raios e nuvens, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!

74Que a terra bendiga o Senhor, e o louve e o exalte eternamente!

75Montes e colinas, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!

76Tudo o que germina na terra, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!

77Mares e rios, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!

78Fontes, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!

79Monstros e animais que vivem nas águas, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!

80Pássaros todos do céu, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!

81Animais e rebanhos, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!

82E vós, homens, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!

83Que Israel bendiga o Senhor, e o louve e o exalte eternamente!

84Sacerdotes, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!

85Vós que estais a serviço do templo, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!

86Espíritos e almas dos justos, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!

87Santos e humildes de coração, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!

88Hananias, Azarias e Misael, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente, porque ele nos livrou da permanência nas trevas, salvou-nos da mão da morte; tirou-nos da fornalha ardente, e arrancou-nos do meio das chamas.

89Glorificai o Senhor porque ele é bom, porque eterna é a sua misericórdia.

90Homens piedosos, bendizei o Senhor, Deus dos deuses, louvai-o, glorificai-o, porque é eterna a sua misericórdia!

91Então Nabucodonosor, admirado, levantou-se precipitadamente, dizendo a seus conselheiros: “Não foram três homens amarrados que jogamos no fogo?”. “Certamente, majestade” – responderam –.

92“Pois bem” – replicou o rei – “eu vejo quatro homens soltos, que passeiam impunemente no meio do fogo; o quarto tem a aparência de um filho dos deuses”.

93Dito isso, Nabucodonosor, aproximando-se da porta da fornalha, exclamou: “Sidrac, Misac, Abdênago, servos do Deus Altíssimo, saí, vinde!”. Então Sidrac, Misac e Abdênago saíram do meio do fogo.

94Os sátrapas, os prefeitos, os governadores e os conselheiros do rei, em grupos à volta, verificaram que o fogo não tinha tocado nos corpos desses homens, que nenhum cabelo de suas cabeças tinha sido queimado, que suas vestes não tinham sido estragadas e que eles não traziam nem indício do odor de fogo!

95Nabucodonosor tomou a palavra: “Bendito seja” – disse – “o Deus de Sidrac, de Misac e de Abdênago! Ele enviou seu anjo para salvar seus servos, os quais, depositando nele toda a sua confiança, e transgredindo as ordens do rei, preferiram expor suas vidas a se prostrarem em adoração diante de um deus que não era o seu.

96Em consequência dou ordem, que todo homem, pertencente a qualquer povo, nação ou língua, que ousar falar mal, seja o que for, contra o Deus de Sidrac, Misac e Abdênago, seja despedaçado e sua casa reduzida a um montão de imundícies; porque não há outro deus capaz de realizar uma libertação assim!”.

97Depois, o rei ainda melhorou a situação de Sidrac, Misac e Abdênago na província da Babilônia.

98Do rei Nabucodonosor a todos os povos, nações e pessoas de todas as línguas que habitam a terra, felicidade e prosperidade!*

99Pareceu-me bom fazer-vos conhecer os milagres e prodígios que o Deus Altíssimo operou em mim.

100Oh! como são grandes seus milagres e Como são poderosos seus prodígios! Seu reinado é um reinado eterno, e sua dominação perdura de geração em geração.